sexta-feira, 28 de março de 2014

Índios, o canto da natureza.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje vai falar sobre o pouco de que se sabe a respeito da cultura indígena, a qual sofreu opressão durante um longo período de tempo, aliás, tempo o suficiente para que em sua própria terra, boa parte da cultura fosse massacrada e perdida, graças a ambição do branco europeu, ocasionalmente  perdendo tradições milenares, que sem o menor tipo de remorso, foram simplesmente ignoradas sem direito de entrar nos livros para serem contadas as suas histórias.
A música indígena brasileira é de um vasto universo, se tornando muito importante para o índio, desde aproximação social na tribo, até em rituais ligados a deuses e suas formas de crença.
Porém o choque com os pensamentos e ideais da Europa fizeram que houvessem muitas mudanças, principalmente nos modos de manifestações artísticas e de vida dos indígenas, que foram ficando cada vez mais oprimidos pelo homem branco, mantendo assim a impossível tarefa de transportar essa cultura para fora dos limites de suas aldeias. Por sorte há algumas décadas vem se dando uma atenção e um enfoque maior para esse tipo de arte, principalmente após os trabalhos e pesquisas do compositor brasileiro Heitor Villa Lobos.
A música dos índios funciona como um espelho sobre suas visões de mundo, com um pouco de um universo mágico, sendo representante de muitos mitos, cultos e curas. A lenda que se conta em muitas tribos indígenas, é de que a música surgiu como um presente dos deuses, cujo estavam entristecidos com o silêncio que persistia em existir no mundo dos humanos, já outras acreditam que são ancestrais que se comunicam de forma inconsciente com os vivos, sendo que a composição de novas músicas se dá apenas ao pajé, ficando responsável por criar algo que leve as pessoas ao transe e encoraje os guerreiros.
Uma outra característica observada é a divisão dos homens e mulheres na música dentro da tribo, sendo que alguns tipos de canções e instrumentos, apenas pode ser executado por homens.
Por não seguir o sistema tonal, possui a sonoridade bem específica dando bastante atenção a timbres característicos, ficando difícil fazer uma transposição para o nossos padrões de música,  e ainda não existe um concreto tipo de notação musical, dependendo assim de os mais velhos passarem os ensinamentos. O instrumento que mais se prevalece é a voz, dando uma base ritmada para execução de danças ou celebrações, despertando uma sensação de pulsação flutuante no andamento da música, e ainda no canto também se identificam com a natureza, como imitando sons da floresta e canto dos pássaros.
A necessidade de que se preserve esse tipo de cultura é de extrema importância, pela diferente visão de mundo que possuem, nos ensinando a ver com outros olhos os acontecimentos da natureza e mostrando as suas próprias maneiras de enfrentar o tempo perdido, passando a sensação de verdadeiros guerreiros com resistência cultural contra a sua extinção.


Ñande Reko Arandu : https://www.youtube.com/watch?v=l469uaunv6A

Mawaca - Cantos da Floresta : https://www.youtube.com/watch?v=DICMrBkqcLo


Djalma de Campos, 28/03/2014.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Grécia e a Doutrina de Ethos.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje vai falar um pouco mais sobre uma teoria que surgiu desde a Grécia Antiga, que basicamente dizia que você é, o que você ouve. Não era uma teoria qualquer, pois ela insistia em fazer uma ligação da matemática com a música, acreditando em uma interferência tanto no que é visível ou invisível, sendo batizada de Doutrina de Ethos.
Diziam os gregos que dependendo do estilo de música teria a capacidade de atingir o universo, por isso muitos músicos da mitologia faziam milagres. Alguns desses estilos eram capazes  de influenciar no caráter e na personalidade de uma pessoa. Aristóteles explicou essa doutrina afirmando que a música apenas representa diretamente aquilo que está na alma, portanto quando ouvirmos música que nos desperte raiva, tomaremos essa raiva para nós, quando ouvirmos sobre amor, começaremos a amar, e assim por diante.
Aderindo assim a doutrina para o ensino dos jovens, visando que uma boa educação, exercícios físicos e música , poderiam criar pessoas do mais alto nível, pois os exercícios cuidaria de manter o corpo saudável, já a música seria responsável pela manutenção da mente, tanto que uma frase muito utilizada era '' Deixai-me fazer as canções de uma nação, que pouco me importa quem faz as suas leis. ''
Nessa delimitação musical imposta, talvez também pudessem estar tentando restringir tipos de ações que eram bastante presentes na época, como ritmos de atos orgiásticos.
Alguns defendem que essa doutrina realmente fazia sentido, pois a utilização da música naquela época era de uma forma bem diferente de hoje, e que durante momentos da história realmente os governantes proibiram alguns tipos de música, visando o bem estar da população. Fazendo assim uma divisão entre as músicas que despertavam a calma ligadas a Apolo ( utilizando como instrumento a lira ),  e as outras ligadas ao culto de Dionísio ( que utilizava como instrumento o aulos ).


Djalma de Campos, 17/03/2014.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Um pouco de Villa Lobos no dia nacional da música clássica.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje dá os parabéns ao compositor brasileiro Heitor Villa Lobos, e decidi escrever brevemente sobre o conjunto de choros compostos na década de 20, mas divididos durante os anos, se tornando posteriormente algumas de suas músicas mais conhecidas no Brasil e no mundo todo.
Os choros compreendem em 12 obras, porém não sendo criadas em ordem cronológica, podendo observar o choro nº 8 composto em 1925 e o choro nº 6 composto em 1926, sendo que na década de 20 foi um período de grandes composições para o autor, como os estudos para violão, as serestas e as cirandas para piano.
O contato do Villa Lobos com os choros, vem desde sua juventude, quando ele passou a ficar cada vez mais fascinado pelo violão, e do aumento de interesse pela música popular da época, juntando-se assim nas rodas com os chorões.
As músicas do Villa Lobos representam muito para o Brasil, principalmente no caráter nacionalista e modernista, o qual foi responsável por reforçar uma identidade da música brasileira, tendo vivências únicas que conseguiu levar junto de seus pensamentos e sentimentos para dentro das salas de concerto.

Segue alguns choros abaixo.
Choro n.1 : http://www.youtube.com/watch?v=ByuJOjWVbUI
Choro n.2 :http://www.youtube.com/watch?v=uwD-qJfCfYo
Choro n.3 :http://www.youtube.com/watch?v=G9rzMZyCfFc
Choro n.4 :http://www.youtube.com/watch?v=RMeGzIHsT4A
Choro n. 5:http://www.youtube.com/watch?v=ETb4t7NecHw
Choro n. 6:http://www.youtube.com/watch?v=gyeUxoAK0iM
Choro n. 7:http://www.youtube.com/watch?v=k1eL2TiRjqI
Choro n. 8:http://www.youtube.com/watch?v=3vJm4k3fvKw
Choro n. 9:http://www.youtube.com/watch?v=KQdAkhusRps
Choro n. 10:http://www.youtube.com/watch?v=HuLHxKF42f4
Choro n. 11:http://www.youtube.com/watch?v=NfRanER4Q4E
Choro n. 12:http://www.youtube.com/watch?v=7bwLkFBCtNQ

Djalma de Campos 05/03/2014.

domingo, 2 de março de 2014

Chiquinha Gonzaga, a eterna maestrina brasileira.

Olá, tudo bem ?
O música faz história de hoje está em pleno carnaval, então não podemos deixar de citar a maestrina brasileira Chiquinha Gonzaga, pianista e compositora de música popular brasileira, a qual compôs uma das marchinhas mais conhecidas dos desfiles de carnaval, Ó abre alas que data de 1899, transformando assim muita coisa no nosso país, misturando ritmos europeus e africanos para criar uma música que cativasse todos que ouvissem, e ao mesmo tempo se colocava na linha de frente para abrir independência da mulher do século XX.
Chiquinha nasceu em 1847, filha de Rosa Maria Neves Lima uma negra, com José Basileu Gonzaga, general do exército. Apesar de todos serem contra, José assumiu a filha cujo teve uma educação na aristocracia, e como toda família aristocrata ela passou a ter aulas de música com um dos melhores professores da época, o Maestro Lobo. Desde cedo teve contato com as músicas e manifestações africanas que via acontecer pela cidade, como rodas de lundu e ritmos africanos, sendo que via nisso uma forte identificação com a sua vida.
Aos 12 anos ela apresenta sua primeira música em uma reunião da família, intitulada Canção dos  Pastores, e imediatamente a família notou a grande intimidade que a menina tinha com as teclas do piano. Porém aos 16 anos de idade, seu pai a obriga casar-se com Jacinto Ribeiro do Amaral, oficial da Marinha Brasileira. O casamento dura cerca de 5 anos e ela teve 3 filhos com Jacinto, mas quando seu marido começou a obriga-la a parar com a música, ela mostra que não era subordinada a ninguém, e mesmo contrário aos costumes da época ela se separa, momento o qual foi um grande escândalo para a família e conhecidos. Ela continuou a tocar e compor, até rever um grande amor do passado, o engenheiro João Batista de Carvalho, com quem teve mais uma filha, no entanto seu atual marido era o oposto do primeiro relacionamento, muito mais liberal e não restringia sua vontade de tocar piano, porém ela uma vez o pegou a traindo, sendo que isso foi uma grande decepção, a partir daí ela resolveu se virar sozinha tocando,compondo e dando aulas,  o que era o suficiente para conseguir sobreviver.
A identificação com polcas e quadrilhas de músicas de salão da Europa, foram bastante estudadas em seu repertório, nisso ela conseguiu fazer uma mistura desses ritmos europeus com a música africana, compondo o seu primeiro grande sucesso, Atraente em 1877, chocando a sociedade da época por toda sua independência enquanto mulher, até mesmo o ato de não usar chapéu, era visto como um ato digno de repúdio pela sociedade, e ela se opunha usando apenas um lenço. Mas quando ela musicou a opereta  A corte da roça, ela virou uma identidade nacional sendo apoiado por muitos admiradores e pessoas que se identificavam com ela.
Desde então Chiquinha era bastante requisitada para musicar peças teatrais, e pouco tempo depois com  a sua segunda peça A filha do Guedes cujo ela mesma regeu, uma coisa inusitada tinha acabado de acontecer, a imprensa não sabia como chamá-la, primeiro deram o nome de ''maestra'' mas não acharam certo o termo, então inventaram uma nova palavra , maestrina, se tornando assim a primeira maestrina brasileira.
Poucos sabem que ela esteve em uma forte onda de ajuda na libertação dos escravos, sendo que um pouco do dinheiro que conseguia com a venda de partituras e tocando, ela destinava ao fundo responsável pela compra de alforrias para escravos.
Após a libertação em 1888, ela passa a destinar suas manifestações a uma nova causa, a república, cujo não demorou muito tempo para que isso acontecesse. E  ganhou o título  Alma Cantante do Brasil, em 1894.
Aos 52 anos ela encontra o seu último marido, um português de 16 anos chamado João Batista Fernandes Lajes, mais um choque de críticas em sua vida, por isso para muitos ela o apresentava como seu filho. No mesmo ano, no carnaval de 1899 ela encantada com os desfiles da Rosa de Ouro, se senta ao piano e compõe a primeira e mais conhecida marcha carnavalesca, Ó abre alas, sendo sucesso imediato, marcando muito fortemente os carnavais da primeira década do século, e em consideração foi homenageado por algumas escolas.
Em 1914 a primeira dama, Nair de Tefé,  começou a reclamar que no Palácio do Catete não se tocava música brasileira, assim o professor de musica a ensinou um tango ao violão composto por Chiquinha, intitulado O Corta Jaca.
Em 1917 ela consegue a vitória em uma outra campanha que vinha lutando desde 1911, sobre uma organização dos direitos autorais dos músicos, da qual ela foi a primeira sócia, ideia da criação veio após descobrir que haviam músicas suas publicadas
na Europa com outros títulos e que não citavam o seu nome.
Cerca de 18 anos se passaram e as suas criações continuaram de uma forma excelente e muito adorada por todos que ouviam, porém em 28 de fevereiro de 1935 ela morre em pleno carnaval, deixando mais de 2 mil composições musicais e 77 peças teatrais, e muito mais alem, ela deixou todo o seu amor pela música escrito na pauta musical, e a mensagens de independência e de total capacidade da mulher que aí estava por vir.

Atraente : https://www.youtube.com/watch?v=_6ameIYuCwY

Lua Branca : https://www.youtube.com/watch?v=SdpQi4ceHYA

Ó abre alas : https://www.youtube.com/watch?v=7eCrMNfIvfE


Djalma de Campos, 02/03/2014.